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Concurso no DF: banca muda correção de prova e elimina 398 candidatos

Uma mudança na maneira de distribuir a pontuação de duas questões de português anuladas na prova do concurso público que prevê cargos para a Polícia Penal do DF fez com que 398 candidatos fossem eliminados. Organizado pelo Instituto AOCP, o certame chegou a ter uma lista provisória de aprovados, mas um dia depois decidiu realizar um ajuste que, na visão dos concurseiros, da seccional do DF da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-DF) e até de um deputado distrital, está incorreto.

O problema começou a partir do dia 30 de julho, quando um “Comunicado sobre o Resultado da Prova Objetiva” foi divulgado. Até então, a banca já havia divulgado o gabarito da prova realizada no dia 3 e até mesmo divulgado a lista provisória de quem tinha passado.

O tal comunicado, de apenas três linhas, dizia “que a anulação de questões da prova objetiva implica no ajuste proporcional ao sistema de pontuação previsto no edital do concurso público” e previa uma nova divulgação de aprovados.

No dia seguinte, 31 de julho, a lista atualizada saiu no site, mas, para a surpresa dos candidatos, o modo de correção havia sido alterado. Ao invés de as duas questões de língua portuguesa anuladas serem dadas como corretas para todos os participantes do certame, os pontos das questões foram divididos entre as outras perguntas de mesmo tema.

Isso significa, conforme mostra a tabela abaixo, que as questões de português passaram a ter um peso maior que todas as outras áreas do conhecimento na prova. Dessa forma, ocorreram casos em que pessoas tiveram o mesmo número de acertos, mas não tiveram a mesma nota.

Utilizando um exemplo hipotético, é possível entender o problema que afetou boa parte dos eliminados após a nova correção. Com maior peso na língua portuguesa, um candidato que tenha acertado 19 questões em conhecimentos básicos poderia alcançar o mínimo de 20 pontos para se classificar à próxima fase, enquanto que outro que teve maior aproveitamento em outras áreas seria desclassificado.

Apesar de hipotético, o exemplo acima acabou atingindo em cheio quase 400 pessoas que passaram a buscar uma forma de conseguir a volta do modo de correção anterior.

A Comissão de Fiscalização de Concursos Públicos da OAB-DF foi acionada. Após análise da mudança, os advogados foram categóricos em apontar irregularidade. “Fizeram um cálculo só para português, como se tivesse um peso maior, e isso não estava previsto em edital. A comissão tem o posicionamento de que foi cometida uma ilegalidade”, afirma Max Kolbe, presidente do comitê.

Diante da situação, ele e os outros membros redigiram um ofício à Secretaria de Economia, que contratou a banca, e sugeriu que fosse anulada a alteração. “O que demos foi uma orientação. Infelizmente, caso não seja acatada, cada um dos candidatos deve procurar um advogado para judicializar o tema”, afirma.

O assunto também chegou na Câmara Legislativa (CLDF). O deputado distrital Professor Reginaldo Veras (PV) enviou requerimento ao Instituto AOCP pedindo esclarecimentos sobra a nova forma de cálculo. Segundo ele, “a modificação, por falta de alguns elementos, não se traduz em critério transparente” e pediu esclarecimentos.

Insegurança

Um dos candidatos que foram prejudicados pela nova correção conversou com a reportagem. Atendente de telemarketing, ele pediu para não ser identificado com medo que alguma retaliação possa vir a ocorrer.

O concurseiro relata que havia passado com 21 pontos, inicialmente, mas a nova distribuição de pontos fez com que a nota caísse para 19. “É frustrante. A gente vai fazer a prova contando que será seguido aquilo que está no edital e depois trocam tudo”, reclama.

Ele diz que os prejudicados pela nova correção montaram uma comissão onde foram feitos requerimentos à banca, mas não houve resposta satisfatória. “Deram uma explicação padrão dizendo que está em fase de recurso, mas não comentaram o problema”, lamenta.

A comissão também entrou formalmente com um recurso contra a nova correção onde apresenta todos os argumentos.

O que dizem os envolvidos

Procurados, nem o Instituto AOCP ou a Secretaria de Economia do DF haviam respondido aos questionamentos da reportagem até a publicação. O espaço permanece aberto para eventuais manifestações.

 

Fonte: Metrópoles

 



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